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 Olhos de Dante

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2 participantes
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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 22:16



Última edição por Sr. Startanius em 2/7/2014, 23:02, editado 1 vez(es)
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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 22:50





Sinopse



Quando menos se espera, uma oportunidade única surge: se redimir dos erros ainda em vida presenciando a dor da morte e em busca do autoconhecimento. Segundo Norman, sua vida estava ainda muito longe de acabar, e as escolhas feitas nela iriam perecer com o fim... Eram apenas divagações de um cético. A morte estava mais próxima do que ele poderia imaginar.

Por um infeliz acaso, uma doce alma cruzou seu destino. A mesma que carregava nas costas um terrível fardo e um passado pertinente. Ambos percorreriam pelo solo maldito em busca de uma saída e de um fim para o dilema de suas vidas, não tão vivas. Aliados a eles, outras almas se uniram ao que ficou conhecido “A Última Rebelião”. O destino teceu uma história diferente desta vez.

O inferno os aguarda.





Última edição por Sr. Startanius em 2/7/2014, 22:58, editado 4 vez(es)
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Morticia Addams

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 22:52

Vou ler com certeza! Lembrei de Dante Aliguieri, eu interpretei a Beatriz no teatro.  bounce  bounce  bounce 
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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 22:54




Notas do Autor



A obra em si é inteiramente fictícia e não denota minhas crenças sobre os assuntos retratados. A intertextualidade provém da obra "A Divina Comédia" de Dante Alighieri, escrita no início do século XIV. Os personagens extraídos da obra, assim como o próprio narrador, não mantêm características fiéis aos originais. A história não possui um gênero único, por isso, considero uma leitura intensa. Por vezes, tento levar o leitor a uma reflexão, baseada em preceitos estabelecidos antes mesmo de termos nascidos, aliados a ficção e a fantasia que recorrem em minha insana mente. Por fim, desejo a todos que forem ler uma boa leitura e que se sintam à vontade, acompanhando-me nesta aventura.

O título e a obra estão registrados na Biblioteca Nacional. Qualquer tentativa de plágio será vã. Plágio, além de crime é falta de caráter, digno de seres que põe em dúvida a relevância de suas existências.



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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 22:55

Morticia Addams escreveu:
Vou ler com certeza! Lembrei de Dante Aliguieri, eu interpretei a Beatriz no teatro.  bounce  bounce  bounce 

Eeeeee!  cheers Ele é super importante na trama, a Beatrice também, haha.
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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 23:00





Prólogo



Há certo tempo decidi que precisava de alguém confiável para ocupar um cargo de importância. Foi com temor que pretendi descansar minha alma, abandonar meu ofício. E vendo-o agora, dependurado neste arranha-céu no núcleo desta tão importante cidade, vejo que temos muito em comum, apesar de nascidos em épocas tão distintas.

Seu caráter dividido o fez ser humano, assim como fui um dia. Vulnerável, errante. No coração, metade pulsando forte, metade cessando congelada. Seus olhos, frios, assim como seu caráter. O mesmo homem que salvou uma vida destruiu outra em seguida, e nesta busca, por assim se dizer, nunca havia encontrado alguém tão... Perfeito.

Chegar onde havia chegado não foi por suor, mas por astúcia. Quem imaginaria que por detrás de um terno caro e de um sapato polido se esconderia o pior tipo de pessoa? Tão cruel quanto um verdadeiro demônio. Cada ato cometido por ele pesava na balança da vida, e, se esta chegasse ao seu limite, um destino irrefutável estaria traçado. Era inegável, eu havia encontrado a quem procurei por todos estes anos.

Mas não seria tão fácil assim trazê-lo para mim, antes disso precisaria dominá-lo, fazê-lo querer. Observei seus hábitos, seu ponto fraco e, finalmente, havia chegado a hora de pôr meu plano em prática, meio a cidade em seus tons amarelos-esverdeados naquela noite. Os prédios gigantescos feitos de concreto e vidros escuros possuíam uma beleza urbana distinta. Segurando-me na beirada do enorme prédio em que estava, constatei que a mudança estava próxima. Meus planos a se concretizarem finalmente. A multidão em fluxo nas ruas mostrava o quão rápido as coisas eram. Deveria agir logo para que não perdesse a chance. O tempo percorria aquela noite e o céu não tão estrelado ameaçava chover, mesmo assim, a lua permanecia brilhante em sua imponência dentre a imensidão negra.

— Por quanto tempo irá ficar aqui, Dante? Acho que já perdemos tempo demais com ele — disse-me o misterioso homem longilíneo que se aproximara furtivamente. Seus passos leves ecoando no chão a minha volta. Vestia um terno escuro e bem alinhado e possuía olhos claros como o dia.

— Não Félix, este não é como os outros.

— Então acha que ele serve? — Félix me perscrutou com seus olhos irônicos, naquela noite de lua cheia.

 — Apesar de certos contrapontos, ele é ideal, mas precisaria ser lapidado. Creio que, de imediato, é nossa única opção. Não me recordo do último, você se lembra? — forcei a memória para me lembrar, mas em minha mente somente via feições avulsas.

— Como se fosse ontem. 1914, Erick Dober, 22 anos, sul da Inglaterra. Jogou-se de uma ponte após o encontro com o senhor. Foi mesmo memorável, achei que jamais se esqueceria. — revelou-me próximo a mim, encarando a cidade.

— Hmm, verdade. Possuía um temperamento forte, tempestuoso, mas não soube lidar com algumas verdades. Erramos em escolhê-lo, foi descuido. Temo que desta vez seja diferente. Não será nada fácil — revelei.

— Acha que devemos pedir ajuda a eles?

— Vê outra alternativa? — joguei limpo.

— Quem sabe mais um século... Ou... Não, não vejo outra alternativa.

— Muito bem Félix, muito bem — congratulei-o de modo salientado.

— Quer que eu fale com Minos? — disse-me atento, esperando por mais uma tentativa falha de principiante.

— Ah, Minos... Que seja, ele iria saber uma hora ou outra.

Félix me deixou com seu marcante hábito taciturno e sumiu de minha vista assim que voltei a encarar a paisagem daquela famosa cidade iluminada. Um leve sorriso se estendeu pela minha face.





Última edição por Sr. Startanius em 2/7/2014, 23:10, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 23:05





PARTE 1






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Sr. Startanius

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MensagemAssunto: Re: Olhos de Dante   Olhos de Dante Icon_minitime12/7/2014, 23:13





Contato




O turbilhão de sons agonizava sua mente. A metrópole vista daquela altura evidenciava sua imponência através de vidros que refletiam a sua ira, seu poder, sua vida. E quem ousasse questionar seus desejos teria por fim a tragédia. Ele se considerava um deus, fosse um na sua pobre concepção, mas não passava de um reles qualquer perante a Ele. Entretanto, um diferencial ele teve, e foi por isso que o escolhi.

— Mas o que há de errado com você? Será que não consegue fazer nada certo? — seus berros furiosos ecoavam na sala para o homem diante de sua mesa.

— Desculpe-me, Sr. Dumas, garanto que nunca mais se repetirá... — o outro suplicava mantendo a compostura, sentado à sua frente.

— E não vai... De hoje em diante não trabalha mais nesta empresa.

— Mas... Mas Sr. Dumas, eu tenho família — disse tremendo a voz de medo.

— Pouco me importa sobre sua “família“, saia da minha frente agora e nunca ouse pisar aqui novamente! Passar bem.

O homem saiu da sala frustrado. Não iria insistir mais. Fosse sua culpa ou não, o erro estava feito, e a integridade, pelo menos ali, era imposta pelos preceitos do outro. Justo ou nem tanto ele era assim, indiscutível. Tudo como gostava. Sentia-se absoluto.

Ao encontrar-se sozinho no escritório, voltou a tomar seu Martini e apreciou a estranha lua acinzentada daquela noite pela vista panorâmica do aposento. “Imigrante inútil... odeio essa gente”, ele pensava tranquilamente antes de ser interrompido pela secretária do outro cômodo. Vestia um terno cinza risca giz com uma gravata negra e um broche prata dado por sua esposa, um triângulo representando responsabilidade e poder, associado com a trindade.

— Senhor Dumas, sua mulher na linha.

— Pode deixar que eu atendo, volte ao trabalho, Bianca.

Assim que a porta foi fechada sua feição normal foi tomada pelo tédio. Com um olhar sério ele retirou o telefone do gancho.

— O que foi dessa vez, Rebeca? — a chateação expressa em sua voz.

— Clara não está bem. Ela está passando muito mal. Por favor, venha para casa agora, precisamos de você... Eu já chamei um médico, ele está a caminho — dizia aflita.



— Se o médico está vindo, não há porque se preocupar. Tenho coisas mais sérias a resolver.

— Pelo amor de Deus, Norman, ela é sua filha!

Ele desligou o telefone.

Presunçoso demais. Mal sabia que um ato tão simples poderia causar tanto sofrimento. Rebeca ainda aguardava que ele fosse mudar, que um dia tudo aquilo bastaria e ela se encontrasse feliz como uma família integrada e unida. Norman às vezes tentava, mas a iludia. A vida pode ser desonesta para alguns, mas no fim, haverá o acerto de contas, e isso, meu caro, não poderemos mudar tão cedo.

Ele saiu do trabalho no final do expediente. Ficava sentado o dia todo recebendo ligações que no fim não mudavam em nada sua rotina. Tinha pleno poder na empresa, mandava e desmandava, brincava com seu comando. Tinha um nome renomado, “Norman Dumas”. Quem não o conhecesse provavelmente não tinha acesso a jornais ou televisões. Dono das maiores empresas da América, dominava diversos ramos: alimentos, roupas, cosméticos, construtoras, transporte. Praticamente em tudo havia seu nome, seu espólio. Para ele, tudo aquilo ainda era pouco. Para ele, “tudo” era apenas um começo.

— Leve-me para casa, Sanchez — ordenou entrando no Lamborghini negro e espaçoso com bancos de couro que possuía no estacionamento da empresa. Seus olhos cinzentos passando por todos os detalhes em vermelho do modelo de última geração que adquirira uma semana antes.

O homem não respondeu nada, sabia como deveria se comportar. Seguiram em silêncio pelas ruas agitadas de Manhattan enquanto Mozart tocava nos alto-falantes do assento traseiro. A vista da cidade em movimento envolveu Norman por alguns breves minutos enquanto mexia em seus cabelos castanhos. Faces desconhecidas, pessoas comuns que viviam suas vidas pacatas faziam parte do exterior urbano. “Pequenas peças descartáveis”, ele olhava com desprezo pela janela.

O carro parou. Sinal vermelho. Norman pôde analisar melhor onde estava agora. “Lugar de gente pobre” — coçou o queixo irritado. Não gostava de ver aquelas pessoas passando por sua frente. Queria que não existissem. Sua visão de mundo era mesquinha e fria. Possuía traços nazistas em sua personalidade e nunca omitira isso de ninguém.

Na mesma rua, frente à calçada, um homem encapuzado o encarava através do vidro escuro da janela. Vestia maltrapilhos imundos e rastejava pelo asfalto segurando uma pequena tigela com moedas. Norman, ao notar o indivíduo, percebeu que este o afrontava seriamente. A barba malcuidada não revelou sua idade, mas ainda assim parecia prestes a cair morto. Quanto mais se aproximava, mais Norman se aquietava em seu banco. “Ele não pode me ver, não pode fazer nada”.

O andarilho situou-se frente a frente com a janela e prestou-se a olhar severamente para o passageiro do carro. Norman riu da situação em que estava e, nervoso, no fundo, pediu para que o sinal avançasse logo. O homem estendeu a tigela e bateu de leve com três toques na janela.

— Sanchez, será que dá pra acelerar aí? Tem um doente batendo no meu carro... — disse impaciente.

O motorista não respondeu, e mesmo que estivesse acelerando o automóvel para sair daquele lugar, o carro permanecia imóvel. Embora soubesse o que estivesse fazendo, mesmo que não apresentando resultados, fora treinado para agir assim, silencioso e obediente. Somente respondia quando sua opinião deveria ser bem-vinda.

O vidro que os separava, aparentemente estremeceu e em segundos se abriu, colocando os dois ao mesmo ar. Norman se enfureceu.

— O que você fez seu imprestável? Quem mandou abrir esta janela? Feche isso já!

Sanchez, visivelmente confuso, apertava no botão automático para o vidro subir, mas nada acontecia. Já do lado de fora, o estranho homem aparentava estar em silêncio, mas de seu interior uma voz rouca e medonha ecoava para os ouvidos de Norman numa língua não compreendida. Este fingiu não estar ouvindo nada. Apenas ignorou a presença daquele ser ao seu lado, de pé, fétido e imundo.

— Será que dá pra andar com isso logo?!

A etérea voz continuava a emanar do nada, atingindo-o em cheio. Composta por sussurros e lamúrias, ela enchia sua cabeça deixando sua percepção da realidade atordoada. Tudo o que ouvia, ilusório fosse, estava o fazendo se sentir tonto e prestes a padecer sob o soar de trombetas invisíveis.

Norman virou-se para ele e lentamente ergueu sua mão direita, fazendo um gesto ofensivo com o dedo do meio. Sua mão fora instantaneamente jogada para baixo, enquanto as do mendigo se estenderam para seu pescoço e o apertaram contra o colarinho.

— O que você está fazendo? — dizia com dificuldade, tentando livrar-se.

O homem continuava a encará-lo, impassível, enquanto o estrangulava. Após toda a tensão, o vidro finalmente pôde subir separando sua garganta das mãos do estranho. No mesmo momento o sinal se mostrou verde e Sanchez acelerou com o carro para longe dali, desta vez, saindo do lugar.

O silêncio repousou em sua alma. Norman não estava com cabeça para broncas ou qualquer outra coisa que fizesse em seu estado habitual. Ele tentou ser racional enquanto ainda fitava o sujeito parado na rua com o mesmo olhar.

Na virada da esquina, os olhos do sujeito adquiriram um tom de vermelho intenso acompanhado de um sorriso maléfico que surgira em sua face. Logo, aquela visão aterrorizante sumiu com a entrada de prédios ininterruptos na trajetória.

— Você viu aquilo? — Norman perguntou assustado ao motorista.

— Vi... Essa região possui muitas pessoas necessitadas. O mendigo só queria algumas moedas.

— O homem tentou me estrangular! — sua expressão ensandecida de ódio.

— Como? — perguntou aturdido.

— Ele abriu a janela e tentou me estrangular, você não viu? — Norman gritava desesperado. — E os olhos dele brilharam no final da rua... Estavam vermelhos!

— Me desculpe, Sr. Dumas, — Sanchez se encolheu pela agressividade do outro. — mas apenas o vi pedindo dinheiro enquanto batia na janela fechada que o senhor disse estar aberta.

— Mas a janela estava aberta!

Sanches se emudeceu por um momento, tentando entender o que estava acontecendo ali.

— Estava sim, foi erro meu, Sr. Dumas. Desculpe-me novamente, te garanto que isto nunca voltará a acontecer.

Sanchez não respondeu o que queria, embora não estivesse à parte do que havia acontecido na realidade. Ele poderia perder seu emprego se irritasse ainda mais Norman, e o salário era bom o bastante para que suportasse todas as situações lhe impostas. Até ali, depois de meses como motorista, não havia errado em nada, como muitos antes de sua chegada. Por isso, preferiu seguir sua rota impassível pelas ruas de asfalto movimentadas.

Por mais que quisesse transparecer normalidade, Norman estava tenso. O que presenciara fora estranho e surreal. Apesar de se sentir bem botando a culpa no motorista, ele sabia que não fora ele. A figura do homem naquela rua embebia sua mente em alucinações e elas não eram nada agradáveis.

Ao chegar ao enorme prédio residencial, no centro de Nova Iorque, tentou não se mostrar muito afetado pelo ocorrido daquela noite. Enquanto subia o elevador do prédio, olhando fixamente para a porta, as vozes e os sons de trombetas voltaram em sua cabeça, ecoando levemente, e o deixaram perturbado. Ele se apoiou na parede mais próxima, enquanto tentava se livrar dos sons de tortura.

Ao chegar à cobertura, fora direto ao quarto, passando pelos cômodos da casa que estava vazia. Clara e Rebeca deveriam estar no hospital e isso o reconfortou um pouco. Assim que chegou ao quarto, deitou-se em sua cama exausto, tentando não pensar muito. Imediatamente dormiu e se entregou a estranhos pesadelos.

Próximo a sua cama, uma figura de olhos sangrentos se espreitava vigiando-o. Para Norman, tal figura que vislumbrou durante a noite no sono conturbado era apenas uma ilusão. Foi o que constatou após acordar no quarto iluminado pela manhã do dia seguinte, ofegante pelo pesadelo horrendo que presenciara em ilusões bem planejadas. Contudo, a cada vez que retornava aos sonhos nas noites seguintes, esta mesma criatura possuía faces diferentes, sempre horrendas e disformes, a o observar, como uma acompanhante noturna.

Mesmo ciente da criatura vigilante durante a noite, ele se sentia preso à cama, como se uma força indescritível o mantivesse acorrentado num mau sonho, que por vezes interrompido, mostrava o ser em pé ao seu lado. A cada visão recorrente, era atingido por um sentimento vívido de terror, que o carcomia por dentro, acometido por uma vontade agravante de gritar. A boca aberta sem nada a balbuciar e as pupilas bem dilatadas evidenciavam que a paralisia do sono não teria chegado àquele nível extremo em ocorrências naturais. Fosse isso o pior, o que o atormentava era outra coisa. Ele ainda o sentia por perto durante o dia. Mesmo não o vendo, sua presença era perceptível. Durante semanas, viu em diversas pessoas os referidos olhos vermelhos tomarem vida por breves segundos. Empregados, sócios, pessoas alheias na rua, qualquer um o encarava com o escarlate vivo nas pupilas, mas logo a cor sumia e as pessoas voltavam aos seus afazeres com naturalidade.

Norman conviveu por um bom tempo com o medo, a fúria, o horror, a sensação mais penosa dos homens: a do primeiro contato com um demônio de verdade.



Norman Dumas.

35 anos.

Empresário multibilionário.

Status – sob averiguação.




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