Imergir

Dedico primeiramente essa história a mim, e meus sonhos,
por mais esquisitos, inocentes ou não, e profundos que sejam.
Em segundo plano, a todos que irão ler e que espero sinceramente,
que gostem.

1. Não é uma história muito longa, muito menos perfeita.
2. Contém frases de músicas, filmes, livros, ou qualquer coisa que eu
tenha gostado e pego como inspiração, talvez.
3. Não é permitida a repostagem desta.
4. Como toda boa história, essa é composta por uma trilha sonora.
5. Contém cenas de sexo.
6. Fiquem espertos com quem anda ao teu lado, aviso prévio.

Caso acompanhe a história através dos perdidos, venha interagir aqui no tópico oficial, por favor.

Imergir - Perdidos


Boa leitura.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:10, editado 7 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

— Aqui tem tinta Olivia. — dizia minha mãe no supermercado.
— Pega duas caixas pra mim, preto tá? — eu dizia enquanto olhava qualquer coisa em uma prateleira.
— Azulado ou preto preto?
— Apenas preto mãe.
Meu pai estava chegando com o carrinho de compras e olhou para a gente, com uma cara feia de brincadeira.
— Vai pintar o cabelo? — ele perguntou.
— Aham, cansei do ferrugem. — disse dando aquele sorrisinho conquistador de pais e mães.
Ele apenas olhou feio de novo. Soltei uma risada alta, chamando atenção da minha mãe que se intrometeu
e começou a fazer perguntas sobre o que tava acontecendo até o carro.

Mais cedo a Julia, havia me ligado e comentado algo sobre uma festa de final do curso pré vestibular,
eu queria estar de visual novo até a noite.
— Já combinou com seu pai, pra ele te buscar?
— Buscar onde? — ele perguntou.
— Não, não tinha falado ainda mãe. — respondi.
— Onde você pensa que vai? — meu pai começou o interrogatório.
— É uma festa de despedida, deixa ela, a Julia vai junto. — minha mãe tinha assumido a frente.
— Pai, to com dezoito anos, depois você busca a gente. Ou qualquer coisa, volto com a Ju e durmo na casa dela, o que é otima ideia.
— Onde é isso?
— Vai ser na casa de um amigo dela.
— Que amigo?
— O Roberto. — dá onde eu havia tirado aquele nome mesmo? — Ele é amigo de infância e eles estudaram juntos.
Depois da resposta convincente e mentirosa que eu dei, meu pai silenciou, o que significa permissão pra ir.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:11, editado 2 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

Fiquei no meu quarto mastigando todas as lembranças daquele ano.
Amanhã sairia o resultado final do sisu e eu provavelmente passaria.
No fundo eu não estava completamente contente, havia medo demais impedindo tal felicidade. Medo de abandonar meus pais, meus amigos, entre eles, principalmente a Julia, que é a melhor de todas. Santa Catarina.
Eu sabia que não poderia ficar ali sofrendo antecipadamente, mas eu sofria...
Escolhi uma roupa sofrendo, me maquiei sofrendo, desci as escadas sofrendo, as subi sofrendo. Eu respirava sofrendo. Era uma das minhas manias, sofrer.

Quando a campainha tocou, eu desci correndo, percebendo que meu pai estava assistindo Senhor dos Anéis, eu adorava aquele filme, era coisa de geek, mas eu tinha essas esquisitices comigo.
— Tchau pai, já to indo. — dei um beijo na testa dele e fui falar com a minha mãe que já estava na porta.
— Juízo lá viu Olie? — ela disse.
Apenas revirei os olhos e saí.


— Ai meu deus! — a Júlia berrou. — Seu cabelo, o que você fez sua cretina?
— Eu pintei. Cansei do ruivo.
— Era tão perfeito, você é muito vaca.
— Te amo igualmente. E antes que eu esqueça, disse pro meu pai que a festa era de um colega de infância seu, Roberto.
— Roberto? — ela riu.
— É vadia, vamos logo. Hoje eu quero ficar com alguém, fala sério. — respondi e fomos.

Quando chegamos, eu percebi que não conhecia ninguém naquela casa.
— De quem é a festa Ju?
— Um tal de Brad. Ele é de um outro cursinho, mas uns amigos meu conhecem ele e me chamaram.
— Uhum. — disse, pensando no quanto intrusas éramos.

Quando estamos em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, percebemos como somos inseguros. Eu me sentia totalmente incomoda lá.
Já teve a sensação de que todo mundo estava te olhando e comentando sobre você? Pois é, era como se a casa inteira, estivesse fazendo isso sobre mim.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:11, editado 4 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

De início eu e a Julia ficamos juntas, eu estava com os braços cruzados o tempo todo,
coisa que eu detestava, era dar muito na cara que se está intimidada.
As coisas pioraram quando minha estimada amiga sumiu para dentro de um quarto com um
garoto qualquer, e gato. Muito gato. Totalmente gato. Até pensei em me auto convidar
para um menage. Brincadeira! Mas ele era um gato, realmente.

Eu resolvi mudar a minha cara de gatinho encurralado e fui andar. Cheguei na cozinha,
mas só haviam bebidas em cima da mesa e pia. Tinha um pão de sal também e patê de azeitona.
Meu deus! Como eu odiava azeitona.
Sem pensar duas vezes, abri a geladeira do Brad, num ato totalmente feio e peguei um chocolate
que estava ali na porta, escondidinho e provavelmente sendo guardado para mãe dele.
Depois fechei a porta agilmente. Que ótimo, eu era tipo uma ladra agora e se não era, me sentia uma.
Cada delicioso pedaço daquele chocolate me traria remorso e eu não me importava.

— Eu vi. — disse uma voz masculina sedutora.
Meu corpo gelou e eu engoli seco o pedaço que estava em minha boca.
Quando eu vi um garoto, alto, com um olhar brincalhão e um sorriso gostoso encostado no balcão da cozinha,
fiquei tão envergonhada.
— Ahn, é... — eu não tinha respostas e gaguejava.
— Ninguém vai saber, eu prometo. — Ele disse enquanto se aproximava. — Contanto que você divida comigo. Esse patê não tá com nada.
— Cla. Claro. — A vergonha estava sumindo, afinal, eu não estava consumindo sozinha o meu roubo. Ele era um cumplice.
Cumplices. Que deliciosa palavra para você se ferrar e não se ferrar sozinho. Isso é tão bom, a sensação de que não vai sofrer só.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:12, editado 3 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

Ele sorriu e estendeu a mão esperando que eu quebrasse o chocolate ao meio.
— Quanto você quer? — perguntei sorrindo.
— Quanto está disposta a dar? — ele olhou tão fundo nos meus olhos, que eu vibrei de vergonha por dentro.
— Não mais que um pedaço. Sabe, é chocolate... — respondi tentando ser engraçada.
Eu quebrei um pedaço e dei na mão dele. Quando ele ia dizer algo ouvimos o barulho de vidro se quebrando ao chão
e alguns gritos.
Ele olhou pra trás na sala, e virou o rosto pra mim com uma careta de "Ih".
— Vamos sair daqui?
— Pra fora?
— Pra dar uma volta. — ele respondeu e eu me espantei. Afinal, quem era ele?
— Mas, é... Quem é você?
Ele riu deliciosamente fazendo o chocolate não parecer bom o suficiente perto daquele sorriso. Hormônios!!!
— Nick. E você ladra de chocolates? — Eu apenas pude me envergonhar de novo. Mas que droga era essa?
— Olívia. Olie, é melhor.
— Eu gosto de Olivia. É melhor. — Ele deu ênfase no melhor. — Vamos ou vai ficar pra ver o pt dos outros? — ele erguia uma sobrancelha enquanto perguntava.
— Eu não sei. — Abaixei o rosto.
— Eu não sou um psicopata. Juro. — Nick cruzou os dedos e os beijou. Senti vontade de rir, mas aquilo era sério, eu nem o conhecia.
— Eu, eu não sei Nick, quem é você cara? — Cara? Meu deus, Olivia! Você é uma menina, se controle.
— Eu sou amigo do Brad, tá tranquilo.
Droga, cadê a Julia naquelas horas?
— Eu preciso avisar a minha amiga, eu ja volto então. — disse passando por ele e absorvendo cada gota do aroma daquele perfume maravilhoso amadeirado que ele estava usando.
— Isso é uma daquelas situações que a menina diz que vai no banheiro e dá o fora no cara?
— Que tipo de filmes você anda vendo heim? — brinquei. — Eu volto!
Subi as escadas pensando em como encontrar o quarto que a Julia estava, quando eu passei pela sala, vi uma garrafa de Absolut no chão.
Tinha uns otários sem camisa, garotos daquele tipo que se acham o "pica das galaxias", como eles diziam.
Bem, voltando ao pensamento dos quartos, como acharia, e se achasse, em que situação constrangedora ela estaria?
Perguntas demais. Silêncio Olivia, silêncio. Eu estava prestes a entrar no carro de um desconhecido.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:01, editado 3 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

Tinham quatro portas naquele corredor de cima. Provavelmente um banheiro e três quartos.
Eu comecei a rir do nada, idiotamente, porque me imaginei nos jogos mortais. A tensão de ir na porta certa,
eu não poderia bater porta por porta, então usando meu cérebro eu peguei meu celular e toquei para a Julia.
Lógico que a vadia não atendeu, mas eu escutei tocar e segui o som até a última porta. Que eficiente.
Bati ao estilo Sheldon Cooper.
— Julia. Julia. Julia. — aguardei.
Bati três vezes novamente repetindo o nome dela e a vencendo pelo cansaço.
— Que foi? — ela gritou lá de dentro.
— Eu estou prestes a sair de carro com um garoto que eu não conheço. Se eu desaparecer, você diz pros meus pais
que eu fui morta por um psicopata.
— Isso é brincadeira Olivia? — ela perguntou preocupada. Tenho certeza que ela sentou na cama pra dizer aquilo.
— Não. Eu vou sair mesmo. Mas fica esperta, qualquer coisa te ligo e vice-versa Ju. — respondi rentando tranquiliza-la.
— Tá, eu te ligo daqui uns trinta minutos. Se cuida bitch. — ela gritou e eu escutei uns barulhos de beijo. Eca!
Quando eu virei para trás para voltar até a escada, dei de cara com o Nick me olhando e sorrindo.
— Psicopata?
O meu coração parou naquele instante.
— Foi uma brinca...
— Eu sei. Vamos? — ele me interrompeu.
Assenti.
Descemos e dessa vez a sala estava pior, tinha uma garota sentada em cima de um garoto no sofá, se pegando.
A garrafa não tava mais no chão, apenas o liquido. E algum vomito perto da porta da saída.
Eca!
— Vamos pela cozinha. Melhor. — Muito esperto Nick. — Então, qual é a do psicopata? — ele perguntou. Acho que ofendi ele.
— Sei lá, eu tenho uma amiga que é tão encanada com isso. — Aposto que ele pensou "amiga, sei." — Ela lê a deep web, vê uns casos loucos e tem medo. O pior é que ela comenta tudo comigo, que sou outra medrosa.
— Duas medrosas lendo sobre a deep web? Não é boa coisa. — ele riu.
— É, nós duas temos algumas coisas em comum. Você conhece a deep web?
— O lado negro da internet? — ele disse olhando rapidamente pra mim enquanto tirava uma chave do bolso e olhava para a frente.
Agora já estavamos chegando perto de um carro.
— Conheço sim. Tem umas matérias sinistras lá. Eu li sobre uma mulher que matava todos os seus maridos. — ele parou em frente a um corsa preto. — Aqui. — indicou o carro e abriu a porta pra mim. Cavalheiro, cheiroso e bonito. Ok!

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:01, editado 2 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

— Pensei que você ia me deixar dirigir. — brinquei.
— Você sabe dirigir? — ele perguntou parecendo surpreso.
— Bom, eu não tenho carta ainda, mas eu sei.
Ele apenas riu.
— E aí, o que te deixou com medo do lado negro da internet? — ele perguntou enquanto pegava um cigarro e ligava o rádio.
— Pode ser bandvale? — perguntei. Ele assentiu. — Então, outro dia eu li sobre bonecas humanas.
— O que é isso? — ele perguntou olhando de canto pra mim, enquanto manobrava para sairmos.
— Um cara que rapta garotas e as transforma em bonecas. Deixa-as cegas, surdas, e mudar. Poe proteses no lugar dos braços e pernas. E as treina para qualquer tipo de sado-masoquismo. É algo horrível de se ver, ler, ouvir ou pensar. Só um doente poderia escrever tal coisa.
Nick apenas ficou quieto. Absorvendo cada detalhe do que tinha escutado.
— Você fuma? — ele perguntou, mudando o assunto.
— Não. — ri.
— Faz muito bem. Eu fumo desde os quatorze. É uma porra. — ele riu do próprio comentário e eu apenas fiquei observando o sorriso dele. — Quando a gente entrar na estrada acho que você pode dirigir. Deve não ter ninguém essa hora.
— Estrada? Para onde vamos?
— Você vai ver. É um tipo de penhasco.
Eu não conseguia assimilar direito o que ele estava me dizendo. Eu ia começar a surtar, quando começou a tocar linger na bandvale.
Encostei a cabeça no vidro do carro e fiquei viajando, pensando no que eu fazia naquele carro. Será que eu ia morrer naquela noite?
Ou será que eu apenas iria me divertir?
— Vai fazer faculdade? — perguntei, tentando jogar meus pensamentos pra longe.
— Medicina. E você?
— Do que eu passar. — ri.
Ele olhou confuso e eu entendi que precisava de uma resposta melhor.
— Eu não sei direito o que eu quero, eu quase nunca sei. Então eu coloquei em duas opções. A minha nota tá boa, então
naquela que eu passar, vou.
— E quais são?
— Jornalismo e Veterinária.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:02, editado 2 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

— Coisas distintas, porém ótimos cursos. — ele respondeu sério. Parecia um homem agora.
Viajei por um tempo.
— Hey Olivia. — olhei acordando. — Tá com fome? tem um mc donalds aqui perto. To afinzão.
— Pode comer, eu não quero.
— Por que? Você não tá gorda.
— Não é isso. — segurei uma risada que seria alta, muito alta. — Eu não trouxe dinheiro. — disse intimidada.
— Vamos comer! — ele riu olhando pra frente, ignorando o que eu havia dito.
Parou o carro e fez sinal para eu esperar. Desceu e deu a volta para abrir a porta pra mim. Cavalheiro novamente.
Depois ele pegou minha mão, olhou pro meu rosto esperando a minha reação. Eu sorri e ele entendeu que tava tudo bem.
— Dois big macs, uma coca grande e uma pequena e duas batatas pequenas. — ele disse diretamente.
— Na mosca. — eu respondi pra ele.
Sentamos e ele ficou olhando pra mim, com um sorriso bobo no rosto.
— Que foi?
— É engraçado estar aqui com você. — ele respondeu chegando mais perto da mesa e cruzando as mãos nela.
— Por que? — perguntei intrigada.
— Eu tava na varanda com o Brad, mas a Liza e a irmã dela Ana Clara, mas tava chato.
— Por que?
— A Liza é de boa sabe? Mas a Ana fica em cima, não se toca. Ela meio que gosta de mim desde o ensino médio.
Eu sempre respeitei os sentimentos dela, mas as vezes ela passa dos limites. Aí eu fui na cozinha pegar algo pra comer e vi você, encantadoramente roubando um chocolate. — ele sorriu.
Meu instinto feminino, já me fez ficar com birra dessa Ana Clara. Sei lá, bobeira.
— Elas são muito parecidas?
— São gemeas! Só que a Liza pinta o cabelo de castanho e a Ana mantém o loiro. — ele disse olhando pra mim, mas de repente mudou o olhar e sorriu de canto. — Mas sabe, eu prefiro as morenas.
Eu não saquei de primeira, mas depois lembrei que tinha pintado o cabelo de preto. Ri.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:03, editado 2 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

— Sabia que eu estava de penetra na festa? — disse pegando umas batatas.
— Sabia sim. Isso torna o seu roubo pior. — corei. — Tô brincando. — Nick gargalhou da minha cara de bunda.
— Sabia como idiota?
— Quando você e sua amiga entraram, o Brad perguntou "quem são essas?" pra mim. Agora eu já sei quem são.
Apenas abaixei a cabeça sorrindo.

— Quer dirigir agora? — ele me perguntou quando chegamos no carro após comermos.
— Claro. Tem seguro de vida? — brinquei.
Ele apertou o alarme do carro para abrir e me jogou a chave, indo para o lado do passageiro.
Liguei o carro, dei a marcha, errada por sinal, e pisei fundo. Acontece que eu pisei no lugar errado
e nós teríamos batido em um poste se não fosse o Nick pensar rápido e puxar o freio de mão.
— Eu achei que você tava brincando sobre o seguro de vida.
Não deixei de rir com o comentário, mas meu coração estava saindo pela boca, estilo saramandaia.
Dei ré e saí seguindo a direção que ele ia me passando para irmos.

— Que barulho estranho é esse? — perguntei já na estrada. Nick começou a rir. — Que foi?
— Achei que você sabia dirigir. — ele respondeu abrindo o vidro e pondo o braço para fora.
— Eu sei, acha que o carro tá andando sozinho?
— Não e ele não troca de marcha sozinho também. — riu novamente deliciosamente tirando minha atenção e mudou a marcha pra mim.
Acabei abrindo meu vidro também e então o ar começou a entrar fortemente dentro do carro, jogando nossos cabelos e fazendo
o perfume amadeirado dele chegar mais rápido ao meu nariz. Mordi os lábios sem perceber.
Será que o gosto dele era bom assim também? Hormônios.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:05, editado 2 vez(es)

Capítulo I.
"Eu nunca disse adeus..."

(Dê play até o fim do post)

— Vira aqui. É logo ali na frente. — ele deu sinal.
Nick pegou outro cigarro e acendeu.
— Aqui? — perguntei olhando para ele.
— Isso.
Era um lugar tranquilo, um típico penhasco de filme americano. Eu estava encantada por aquele lugar, mesmo sabendo
que eu poderia morrer nele e ser jogada penhasco abaixo.
— Pensando em que? — ele perguntou quando reparou que eu já tinha parado o carro tempo suficiente e que não havia tirado a mão do volante ainda, nem me mexido.
— Em nada. — disse meio voada. — Na verdade... Que você é uma pessoa legal, talvez. — dei enfase no talvez e ele riu de novo.
Eu gostava de ver o sorriso dele, gostei desde o primeiro instante. Desde que o vi, aquela noite tinha sido só sorrisos.
— Vem vamos descer. — Ele abriu a porta e eu também. Fui até a frente do penhasco, olhar a vista. Senti um braço em sobre mim, era ele.
O cheiro agora era mais forte. Será que o meu perfume também chegou até ele? De alguma maneira eu sabia que precisava causar o mesmo efeito nele.
— Lindo né?
— Sim. Já trouxe muitas aqui?
— Não. Eu gosto de vir aqui pensar quando estou confuso. — ele disse saindo de perto de mim e sentando em cima do capô do carro.
Eu demorei alguns segundos para ir até ele, fiquei olhando a vista mais um pouco, e depois fui.
— Medicina é o que você sempre quis mesmo? — perguntei enquanto deitava ao lado dele.
— É. Na verdade, não sempre. Mas desde que a minha mãe adquiriu câncer, tem sido. — ele pegou outro cigarro e deixou os olhos vagarem céu a fora enquanto deitava-se também.
Aquilo tinha vindo como uma facada em mim. Pude senti a dor dele e aquilo era culpa minha, não era? Preferi ficar quieta, respeitando o seu momento.
Depois de alguns minutos de silencio ele ja tinha terminado o seu cigarro e estava sentado de novo. Olhou para trás, mirando os olhos em mim. Me senti culpada de novo, tinha certeza que não iríamos demorar naquele lugar.
— Não é culpa sua. — ele disse, mas eu continuei parada. — Você ouviu Olivia? — ele repetiu persistindo.
Eu mexi a cabeça e olhei pra cima, observando as estrelas. Agora era eu quem viajava.

Última edição por Morticia Addams em 2/7/2014, 22:06, editado 2 vez(es)